quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ninguém segura este peão

Dono da mais respeitada companhia de rodeio do Brasil, Paulo Emílio aposta na genética do touro Bandido para formar os novos campeões das arenas
Paulo Emílio "A clonagem é muito cara, por isso estou investindo na criação de uma linhagem própria, a partir do Bandido"


Paulo Emílio Marques é uma das figuras mais conhecidas do mundo dos rodeios. Nem tanto pelo seu desempenho em cima dos animais, mas, sim, por possuir a mais respeitada - senão temida - tropa de touros do Brasil. Com cerca de 160 animais da mais alta qualidade em sua fazenda na cidade de Icem, no interior de São Paulo, ele já é tido como o principal fornecedor de montarias para os grandes eventos, como Barretos ou Jaguariúna, mas ainda não está satisfeito. Agora, em uma jogada ousada, Paulo Emílio quer apurar ainda mais seu rebanho por meio de uma técnica antes restrita aos criadores de nelore de elite: o melhoramento genético.

Para isso, o empresário conta com a ajuda de especialistas e nada menos do que duas mil doses de sêmen do touro Bandido, famoso por estrelar a novela América, da Rede Globo, mas que faleceu no início do ano. Tido como o touro mais temido da história recente dos rodeios, Bandido já tem três clones, ainda usados apenas em exibições, além de dezenas de filhas e netas próprias, que vêm sendo cruzadas com outros touros com potencial. Um trabalho inovador, especialmente quando falamos de animais sem raça definida e baixo valor de mercado, se comparados aos nelores de elite.

Brincadeira de fim de tarde: animais são constantemente testados pela equipe do tropeiro que seleciona os melhores e mais "pesados"







Mesmo assim, Paulo Emílio acredita que a técnica possa agregar mais valor à sua vitoriosa tropa. "Queremos formar uma linhagem baseada na genética do Bandido", afirma o criador, lembrando que a raça dos animais pouco importa dentro da arena. "Os touros bons para rodeio já nascem com as características que determinam garra, inquietude e a vontade de derrubar o peão. Isso não é característica de nenhuma raça específica", continua.

Por isso, compra lotes e mais lotes de touros Brasil afora para selecionar alguns poucos com nível para integrar sua tropa. O valor pago muitas vezes ultrapassa os R$ 25 mil por animal, motivo pelo qual quer passar a investir na genética já garantida do Bandido. Para fazer um clone, gastase algo em torno de R$ 100 mil, mas o retorno é garantido. Principalmente em publicidade. No entanto, a ideia é investir nos cruzamentos, bem mais baratos e com maiores chances de sucesso. Para se ter uma ideia, dos oito clones feitos a partir do DNA do Bandido, apenas quatro estão vivos.

PIONEIRO - A história de Paulo Emílio nos rodeios começou cedo. Aos 14 anos, quando ainda dava seus primeiros passos na carreira de peão, recebeu uma oferta de seu pai para deixar as arenas e partir para os bastidores, pois considerava o lugar mais seguro. Mesmo relutante, o jovem acabou aceitando a proposta e pouco tempo depois fundou a Companhia de Rodeio Paulo Emílio. Em pouco tempo já era referência em animais para montaria, mas sua fama ainda era restrita ao mundo dos rodeios. "A consagração veio em 2005, quando fui convidado por Glória Perez, autora de América, para dar conselhos e dicas sobre o universo country, suas peculiaridades e seus costumes", lembra ele, que, de tanto ser citado nas conversas entre os peões-atores da novela, acabou por interpretar a si próprio na trama.

Famoso, virou uma grife do rodeio e não parou mais de crescer. Hoje, aos 40 anos, é sinônimo de excelência em touros de montaria e recebe algo em torno de R$ 600 por animal a cada rodeio, valor bem superior ao pago aos pequenos tropeiros. Em média, são cedidos 30 animais por evento, o que lhe rende R$ 18 mil em uma semana. Agora, multiplique isso pelos 120 rodeios realizados pela sua equipe anualmente e chegamos a um faturamento próximo aos R$ 2,2 milhões/ano. Sem contar os patrocínios, como da montadora Dodge, marca que estampa na camisa. Prova de que os lucros dos rodeios vão muito além dos astros do PBR, o badalado campeonato mundial transmitido mundo afora.


Cara de um, focinho do outro: sozinho na foto, o lendário touro Bandido, que virou até estrela de novela. Acima, três clones do animal, utilizados por Paulo Emílio em sua lucrativa companhia de rodeios


terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Estado de Rondônia investe na produção de ovelhas para abate


Produto diferenciado, a carne de ovelha vem ganhando cada vez mais consumidores e a demanda tem sido contínua, inclusive em Rondônia. De acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária de Rondônia (Seagri), de 2003 até 2009, a criação de ovinos no Estado subiu de 63 mil para 128 mil cabeças. Incentivos a ovinocultura vem sendo contínuos, e hoje o rebanho do animal está distribuído em cerca de 4.500 pequenas propriedades em toda a região.



A coordenadora Sandra Régia de Paula Carvalho, do setor de Ovinocultura da Seagri, acredita que o produtor precisa se preparar para atender as exigentes expectativas do consumidor, ou seja, obter um produto de qualidade e com baixo teor de gordura. E para a obtenção dessa carne de alto padrão, cuidados com a nutrição do animal são fatores essenciais, segundo explica. "É fundamental oferecer uma alimentação adequada para o animal, incluindo sais minerais, além de praticar a vermifugação periódica", destaca a especialista.

Carvalho, que em 2008 publicou um relatório que diagnostica a situação da ovinocultura em Rondônia, afirma que o setor representa o segundo maior rebanho da Região Norte do Brasil. E afirma que, apesar de dificuldades por causa dos preços altos na comercialização, 75% dos produtores entrevistados demonstraram interesse em expandir suas criações de ovinos.

O zootecnista Jobel Beserra, gerente da área de pecuária da Seagri de Rondônia, chama a atenção para o fato de que no Brasil, até hoje, grande parte dos animais em comercialização não ser ideal para o consumo. Ele explica que animais acima de um ano de idade, por exemplo, já não apresentam uma carne macia. "Nosso grande desafio é produzir animais precoces com carne de alta qualidade e escala de produção para o ano todo". Mercado para absorver essa produção o Brasil tem, ele garante.

O CONSUMO NO BRASIL

De acordo com a Embrapa e com dados do IBGE, de 1975 a 2003, houve um forte incremento no número total de cabeças de ovinos em todo país. A Região Centro Oeste foi a que apresentou a maior taxa de crescimento de 455%, seguida da Região Norte, que cresceu 353%. Nas Regiões Sudeste e Nordeste os índices aumentaram 88% e 47%, respectivamente. Já na Região Sul foi observado uma queda de 61%.

ESTADO QUE MAIS CRESCE NO BRASIL

Com população de 1,4 milhões de habitantes, Rondônia é Estado que mais cresce no Brasil, além de ser o terceiro mais populoso e de maior densidade demográfica entre os estados da Região Norte. São 52 municípios entre os quais se destacam Ji-Paraná, Ariquemes, Cacoal, Vilhena e a capital Porto Velho.

Da área total de 237 mil km², 85% tem potencial produtivo, segundo a Embrapa. Além do crescimento econômico sustentado principalmente pela agropecuária, duas hidrelétricas em construção sobre o Rio Madeira - Santo Antônio e Jirau - respondem pela geração de 30 mil empregos de 2009 a 2019.

FONTE

Ministério da Agricultura altera o sistema de rastreamento de gado


O governo já tem pronto o novo modelo do sistema de rastreamento do gado bovino (Sisbov). A reformulação permitirá ao Brasil cobrar mudanças em exigências feitas por importadores, sobretudo da União Europeia, como listas prévias de propriedades autorizadas a vender gado para abate e posterior exportação.



A principal modificação no Sisbov, em vigor desde 2001, exige a certificação apenas dos animais, e não mais de toda a propriedade rural. O conceito de estabelecimento rural aprovado (Era) permanecerá, mas será alterado para estabelecimento cadastrado. Os pecuaristas poderão separar os lotes de animais reservados para exportação daqueles que serão criados para o mercado interno. Além disso, a noventena, período de permanência mínima do gado na última fazenda, passará a contar apenas a partir da certificação.

Pelo texto, que ficará em consulta pública por 60 dias, os animais deverão portar brincos, mas não terão que exibir números individuais, apenas o número geral de cada propriedade. Só o animal destinado à UE terá esse brinco individual. O pecuarista pedirá a certificação e informará, a partir de uma senha própria, os dados exigidos do gado em um novo banco de dados único (BDU).

Antes, a certificadora inseria os dados. Agora, o próprio pecuaristas inclui entradas, saídas e nascimentos, diz o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) Inácio Kroetz. Isso dá mais agilidade ao sistema e responsabilidade a todos os elos da cadeia produtiva. O ministério adverte que, em caso de problemas, o pecuarista ficará impedido de operar o Sisbov por até cinco anos.

CERTIFICADORAS

O novo Sisbov praticamente acaba com o papel exercido pelas empresas certificadoras no processo. O modelo cria uma reserva de mercado para a atuação exclusiva de veterinários, zootecnistas e engenheiros agrônomos, treinados e cadastrados pelo ministério. Se houver fraude no sistema, o profissional responderá com seu registro profissional e pode até perder a habilitação, explica o diretor de programas Márcio Rezende.

A União Europeia fez repetidas críticas ao frágil controle exercido pelas certificadoras no Sisbov. Daí, a mudança. Vamos atender às exigências da UE feita sobre certificadoras, que passam a ser um banco de agentes certificadores, diz Rezende. Os profissionais devem ter equipamentos coletores de dados, com GPS, biometria, leitor código de barras e leitor de brincos. Ao ministério caberá o papel de auditor e supervisor do processo.

O governo afirma que usará as alterações para solicitar à União Europeia o fim da exigência da lista de fazendas autorizadas a vender o gado. Continuaremos a auditar 100% das fazendas, mas essa lista é indesejável, avalia Márcio Rezende. As mudanças poderiam restabelecer a equivalência com a UE. A ideia é retornar ao reconhecimento do sistema pela União Europeia. Há um regime de exceção, uma situação discriminatória, porque a lista não é cobrada de nenhum outro país, afirma o diretor da SDA.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Campo Verde (MT) lidera ranking nacional da agropecuária

PIB Agropecuário - Das 100 cidades com maior Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária em 2007, 22 são de Mato Grosso. Campo Verde aparece com a segunda melhor posição no ranking nacional, perdendo apenas para São Desidério, na Bahia. Entre os 15 primeiros da lista, 8 cidades são mato-grossenses e além de Campo Verde aparecem Sapezal (3º lugar), Sorriso (4º), Primavera do Leste (7º), Campo Novo do Parecis (8º), Diamantino (10º), Nova Mutum (12º) e Lucas do Rio Verde (15º). As cidades estaduais tiveram um VAB de R$ 5,8 bilhões naquele ano. A lista consta no estudo sobre o Produto Interno Bruto dos Municípios (2003 a 2007), divulgado nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O VAB é a medida econômica para mensurar o Produto Interno Bruto (PIB). A participação das cidades mato-grossenses nesta lista é, na análise do economista Anaor Carneiro, uma demonstração da força do agronegócio local, que vem proporcionando o desenvolvimento de várias regiões do Estado. "Tanto é que essas cidades estão registrando um crescimento médio de 8% a 10% a cada ano, puxado pelo setor agropecuário".

Na opinião do economista, este resultado positivo para o Estado de uma maneira geral também é reflexo de um trabalho que vem sendo feito pelo governo estadual, na atração de novos investimentos. Como consequência, ele cita a geração de emprego e renda para os municípios, fazendo com que o crescimento seja pulverizado e tenha um efeito multiplicador, que é justamente as conseqüências positivas registradas por outros setores econômicos como comércio e serviços.

"Para o futuro prevemos perspectivas favoráveis, para essas mesma cidades, que se transformaram em um pólo agroindustrial", diz ao complementar que isso é motivado pela instalação de indústrias de beneficiamento, que está começando a operar nos municípios produtores de grãos e gado. Nos próximos anos, Carneiro que o Estado terá condições de exportar produtos semielaborados, agregando valor ao que é produzido em solo mato-grossense.

Além do VAB da Agropecuária, o IBGE divulgou também a posição ocupada pelos 100 maiores municípios no que se refere ao PIB Per Capita. Na lista, não ocupando as primeiras posições, aparecem a cidade de Campos de Júlio, com PIB de R$ 239,506 milhões em 2007; Alto Taquari com R$ 82,477 milhões; Santa Rita do Trivelato, com R$ 76,238 milhões, entre outras. O economista explica que neste caso, o PIB per capita é calculado pela soma das riquezas dividido pela população. "Geralmente essas cidades são pequenas, e o valor por pessoa acaba sendo elevado, o que não reflete em qualidade de vida no município".

Pecuária tem impacto menor no aquecimento global

A pecuária de corte brasileira tem um impacto bem menor no aquecimento global do que o que vem sendo anunciado, conforme análise do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). As pastagens, segundo o presidente do Fórum, Antenor Nogueira, ficaram de fora do cálculo e são responsáveis por seqüestrar carbono da atmosfera.

“Pastagens com qualidade podem seqüestrar até o dobro do que o que ocorre hoje, por isso o correto é considerar o balanço entre emissões e seqüestro de carbono da pecuária e não apenas as emissões”, apontou o presidente.

Os dados fazem parte da análise de um grupo de trabalho coordenado pelo Presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, Sebastião Guedes, constituído por especialistas de diversas instituições de pesquisa do País. Os resultados foram apresentados na terça-feira (15), durante a reunião do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte, que reuniu representantes de Federações Estaduais da Agricultura, associações de produtores e frigoríficos.

Balanço

Conforme os dados apresentados na CNA, a pecuária emite cerca de 1,66 Mg CO2 equivalente cabeça/ano. Em emissões por ha, isso equivale a 1,18 Mg CO2 eq/ha/ano. O seqüestro de carbono das pastagens é estimado em 0,78 Mg CO2 eq/ha/ano. O resultado líquido é que a pecuária emite 0,40 Mg CO2 eq/ha/ano, o que corresponde a 66% a menos do que apenas as emissões. “Os investimentos feito pelos pecuaristas em pastagem tem tornado a atividade ainda mais eficiente do ponto de vista do meio ambiente. Num espaço menor, com uma pastagem de qualidade, é possível colocar uma quantidade maior de animais e ainda abater o gado cada vez mais precocemente”, explica Nogueira.

Outra informação repassada pelos pesquisadores é de que o metano, outro gás de efeito estufa, emitido pela pecuária estaria caindo nos últimos 20 anos, com o investimento em pastagens. De 1988 a 2007, a emissão de metano por Kg de carne produzida no Brasil caiu a uma taxa média de 1,82% ao ano. No acumulado dos últimos 20 anos, isso representa uma queda de 29,4% na emissão de gás metano por Kg de carne. “A queda da emissão de metano da pecuária brasileira é uma das mais expressivas entre os principais países produtores de carne do mundo. Tudo isso demonstra o ganho de eficiência da pecuária no País.”, analisa o presidente.

O Presidente do Fórum diz que a pecuária não pode ser acusada de forma leviana de ser a grande responsável pelo aquecimento global e cita os dados do Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, divulgado no dia 24 de novembro último pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. “A participação do setor agropecuário no total de emissões de gases de efeito estufa no Brasil caiu de 25,4% para 22,1%, entre 1990 e 2005, e a pecuária representa apenas uma parte dessas emissões” aponta Antenor Nogueira. Ele cita ainda os dados do Censo Agropecuário do IBGE, que indicam que houve uma redução na área de pastagens brasileiras, passando de 177,7 milhões de ha para 158,7 milhões de ha, entre 1996 e 2006. “Houve uma redução de 19 milhões de ha de pastagens no País em uma década, enquanto a produção de carne bovina aumentou 50% no mesmo período” finaliza Antenor Nogueira.

Pecuária impacta menos o aquecimento global, aponta fórum

A pecuária de corte brasileira tem um impacto bem menor no aquecimento global do que o que vem sendo anunciado, conforme análise do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). As pastagens, segundo o presidente do Fórum, Antenor Nogueira, ficaram de fora do cálculo e são responsáveis por seqüestrar carbono da atmosfera. “Pastagens com qualidade podem seqüestrar até o dobro do que o que ocorre hoje, por isso o correto é considerar o balanço entre emissões e seqüestro de carbono da pecuária e não apenas as emissões”, apontou o presidente.

Os dados fazem parte da análise de um grupo de trabalho coordenado pelo Presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, Sebastião Guedes, constituído por especialistas de diversas instituições de pesquisa do País. Os resultados foram apresentados na terça-feira (15), durante a reunião do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte, que reuniu representantes de Federações Estaduais da Agricultura, associações de produtores e frigoríficos.

Balanço

Conforme os dados apresentados na CNA, a pecuária emite cerca de 1,66 Mg CO2 equivalente cabeça/ano. Em emissões por ha, isso equivale a 1,18 Mg CO2 eq/ha/ano. O seqüestro de carbono das pastagens é estimado em 0,78 Mg CO2 eq/ha/ano. O resultado líquido é que a pecuária emite 0,40 Mg CO2 eq/ha/ano, o que corresponde a 66% a menos do que apenas as emissões. “Os investimentos feito pelos pecuaristas em pastagem tem tornado a atividade ainda mais eficiente do ponto de vista do meio ambiente. Num espaço menor, com uma pastagem de qualidade, é possível colocar uma quantidade maior de animais e ainda abater o gado cada vez mais precocemente”, explica Nogueira.

Outra informação repassada pelos pesquisadores é de que o metano, outro gás de efeito estufa, emitido pela pecuária estaria caindo nos últimos 20 anos, com o investimento em pastagens. De 1988 a 2007, a emissão de metano por Kg de carne produzida no Brasil caiu a uma taxa média de 1,82% ao ano. No acumulado dos últimos 20 anos, isso representa uma queda de 29,4% na emissão de gás metano por Kg de carne. “A queda da emissão de metano da pecuária brasileira é uma das mais expressivas entre os principais países produtores de carne do mundo. Tudo isso demonstra o ganho de eficiência da pecuária no País.”, analisa o presidente.

O Presidente do Fórum diz que a pecuária não pode ser acusada de forma leviana de ser a grande responsável pelo aquecimento global e cita os dados do Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, divulgado no dia 24 de novembro último pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. “A participação do setor agropecuário no total de emissões de gases de efeito estufa no Brasil caiu de 25,4% para 22,1%, entre 1990 e 2005, e a pecuária representa apenas uma parte dessas emissões” aponta Antenor Nogueira. Ele cita ainda os dados do Censo Agropecuário do IBGE, que indicam que houve uma redução na área de pastagens brasileiras, passando de 177,7 milhões de ha para 158,7 milhões de ha, entre 1996 e 2006. “Houve uma redução de 19 milhões de ha de pastagens no País em uma década, enquanto a produção de carne bovina aumentou 50% no mesmo período” finaliza Antenor Nogueira.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Tristeza Parasitária Bovina

As enfermidades parasitárias são importantes causas de perdas econômicas. O complexo Tristeza Parasitária Bovina (TPB) ou Piroplasmose acarreta grandes prejuízos à pecuária nacional. Os principais agentes etiológicos são os protozoários Babesia bigemina, B. bovis e a rickettsia Anaplasma marginale, sendo o carrapato Boophilus microplus o principal vetor.


Considerando a mortalidade e as perdas indiretas, como queda na produção de leite, diminuição no ganho do peso e custos do controle e profilaxia foi estimado que o impacto econômico da TPB no Brasil poderia ultrapassar US$ 500 milhões anuais. Estas doenças, além de representarem sério entrave à introdução de animais de áreas livres com o propósito de melhorar a qualidade genética dos rebanhos nacionais, são ainda importantes causas de morbidade e mortalidade, especialmente de animais de raças européias.

Os carrapatos causam danos aos seus hospedeiros tanto pela ação espoliadora e ingestão de sangue, lesões provocadas na pele, condicionando ao aparecimento de infecções secundárias e desvalorização do couro, quanto pela transmissão de agentes patogênicos, sendo também responsáveis por elevados gastos com produtos carrapaticidas, mão-de-obra e equipamentos para o controle. No Brasil, o carrapato Boophilus microplus é o mais importante transmissor da Babesiose e é também apontado como um dos vetores biológicos potenciais de Anaplasma marginale, que parasitam eritrócitos de ruminantes, além também de moscas hematófagas (vetores mecânicos), agulhas hipodérmicas, transfusões de sangue, e transplantes de embriões.


Carrapato Boophilus microplus o principal vetor da Tristeza Bovina

A babesiose e a anaplasmose podem ocorrer de forma isolada ou concomitante, constituindo o complexo Tristeza Parasitária Bovina (TPB). Na fase aguda, os possíveis sintomas são apatia, febre, anorexia, fraqueza, anemia e perda de peso, além de também relatados taquicardia, taquipnéia e atonia ruminal. Nos casos de babesiose por B. bovis os sinais clínicos são principalmente neurológicos e estão relacionados à locomoção, como andar cambaleante ou incoordenação principalmente dos membros pélvicos, tremores musculares, agressividade e quedas com movimentos de pedalagem. Os sinais e sintomas clínicos podem ser varáveis segundo a idade, resistência imunológica, estado nutricional e raça. Em estágios mais avançados podem ocorrer icterícia, geralmente associada a anaplasmose, e hemoglobinúria, na infecção por B. bigemina.

O diagnostico laboratorial é indispensável para confirmar o diagnóstico clínico e identificar o agente responsável. O método mais prático e mais usado é o esfregaço sangüíneo, onde o sangue deve ser colhido na orelha ou na extremidade da cauda do animal (aconselha-se fazer no mínimo três laminas por animal). Dentre os testes sorológicos pode-se optar pela imunofluorescência direta (IFI) e o teste de conglutinação rápida (TCR).

Devido ao caráter agressivo da tristeza parasitária, muitas vezes não é possível aguardar o resultado laboratorial para iniciar o tratamento. Na realidade, o sucesso da terapia contra a piroplasmose depende do diagnóstico precoce e do pronto tratamento do animal afetado. O prognóstico dos quadros de tristeza parasitária está diretamente associado à fase de desenvolvimento da doença em que é realizado o tratamento.

Geralmente, no tratamento convencional da Anaplasmose, os princípios ativos utilizados são as tetraciclinas, na dosagem de 8 a 11 mg/Kg de peso vivo, durante três dias.

Em relação à Babesia, normalmente utiliza-se para o tratamento produtos à base de diaminazine aceturato na dosagem de 3 a 8 mg/kg de peso vivo, via intramuscular, em dose única.

Carrapato bovino está cada vez mais resistente

Considerado o parasita bovino de maior impacto econômico no Brasil - estima-se que os prejuízos provocados por infestações em rebanhos sejam superiores a US$ 2 bilhões por ano -, o carrapato bovino (Boophilus microplus) preocupa cada vez mais os pesquisadores. O que torna o problema mais grave é o fato de a praga estar cada vez mais resistente. "Os carrapaticidas são o principal método de controle e é inevitável que o carrapato crie resistência. O problema é que, com o uso inadequado dos produtos comerciais, essa resistência apareça cada vez mais rápido", diz a pesquisadora Márcia Cristina Mendes, do Instituto Biológico (IB-Apta), da Secretaria de Agricultura paulista.

O Biológico mapeou o controle do carrapato em 30 pequenas propriedades leiteiras, em 6 regiões paulistas. Por dois anos técnicos visitaram propriedades na Alta Sorocabana, no centro-norte, nordeste paulista, leste paulista, sudoeste paulista e extremo oeste e traçaram um "perfil de resistência dos carrapaticidas".

A pesquisa revelou que de sete grupos químicos que compõem os carrapaticidas registrados no País, o carrapato bovino tem resistência parcial ou total a cinco. Os casos de carrapatos resistentes aos piretroides passaram de 83,33% em 2007 para 100% em 2008; para o organofosforado clorpirifós, a resistência saltou de 50% em 2007 para 95% em 2008. "Essa resistência leva a um aumento no número de aplicações, o que faz o produtor gastar mais, eleva o risco de contaminação ambiental e do aplicador, fora o problema de resíduos na carne e no leite", diz.

ETAPAS

A pesquisa avaliou todas as etapas de controle. "Como o carrapaticida era escolhido e como era comprado e qual era o modo de aplicação, quem aplicava, dosagem, tudo", explica. Mesmo conscientes dos prejuízos - redução de ganho de peso e de produção de leite, danos no couro e o risco de o animal contrair a doença fatal conhecida como tristeza parasitária -, os resultados foram desanimadores. A pesquisa constatou que a maioria dos produtores não faz o biocarrapaticidograma (teste que avalia a resistência do carrapato aos carrapaticidas) e compra o carrapaticida por indicação do vizinho ou do vendedor. "Quando o carrapaticida não faz mais efeito é trocado por produto comercial diferente, mas com o mesmo princípio ativo."

Na hora de aplicar há outra sucessão de erros. Dos produtores entrevistados, 37% aplicam o carrapaticida aleatoriamente, sem obedecer à periodicidade recomendada. Também não se segue a dosagem da bula, não se usa o equipamento adequado para aplicar a calda e, muitas vezes, o funcionário encarregado não é capacitado. "Os produtores fazem o controle curativo (quando já há infestação) em vez do preventivo, mais eficiente."

No Sudeste o carrapato começa a aparecer em setembro/outubro, o pico de infestação se dá em junho e a recomendação é entrar com o controle assim que a praga for detectada.

A pesquisadora Márcia Prata, da Embrapa Gado de Leite, aponta as três frentes que constituem um controle eficiente: usar o produto correto, da maneira e na época certas. Após adquirir o produto certo, indicado pelo teste, deve-se seguir a dose da bula, "nem mais nem menos" e fazer a pré-mistura, mantendo a homogeneização da calda. "O equipamento não pode limitar os movimentos do aplicador, por isso o pulverizador costal é indicado apenas para rebanhos pequenos."

Outra recomendação é conter o animal. O operador tem liberdade para percorrer todo o corpo do animal e não "benze" a vaca, pulverizando só o dorso do animal - 4 a 5 litros de calda são suficientes para um banho bem feito num animal adulto. "O carrapato fica escondido no corpo do animal; poucos ficam no dorso por causa do sol", diz, citando, ainda, a importância de não aplicar o carrapaticida sob sol ou chuva. "Também é fundamental ter consciência de que todos os carrapaticidas têm um período de carência, que deve ser respeitado. Os produtos de carência zero são exceção."

A realização do biocarrapaticidograma é o primeiro passo para um controle bem feito, mas pela baixa demanda nos laboratórios constata-se a falta de interesse do produtor. "Se aqui na Embrapa, que faz o teste gratuitamente, a procura é aquém do esperado, imagine nos laboratórios particulares", diz Márcia Prata.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Manejo de Bovinos de Corte





Para que uma empresa agropecuária, uma fazenda, tenha sucesso na sua atividade pecuária ele deve adotar manejos correto capazes de aumentar a produtividade da fazenda e diminuir perdas, tais como, índices reprodutivos baixos, número de mortes elevadas, lesões corporais nos transporte dos animais, entre outros.


Neste contesto de adotar manejos adequados para a criação de bovinos valoriza-se primeiramente a separação dos animais por categorias, isso é, por sexo, idade, tipo e função na propriedade, pois com isso proporciona uma diminuição no estresse dos animais que é dado pela competição pelo alimento do coxo ou do pasto, pela água, pelo sal, além de proporcionar um maior controle do número animais na fazenda e dos índices zootécnicos.









As categorias animais mais comuns são:

  • Vacas solteiras;
  • Vacas amojadas;
  • Vacas descarte;
  • Vacas com cria;
  • Bezerros mamando;
  • Bezerros desmamados;
  • Novilhas;
  • Novilhas em reprodução;
  • Primíparas;
  • Garotes;
  • Touros e Rufiões;
  • Aleijados e Guaxos;

Na ultima categoria os aleijados devem ter um tratamento diferenciado, visto que são animais problemáticos na fazenda, devendo ficar em pastos pertos da sede, para que o peão veja diariamente com eles estão, além de terem aguada e coxo de sal de fácil acesso. Já para os guaxos, deve-se tentar colocá-lo em uma outra vaca (guaxeiras) e observar diariamente se tanto o filho legitimo quanto o guaxo estão mamando corretamente e em igual proporção, podendo ele ser desmamado mais cedo, ao redor de 5 a 6 meses de idade.


A Identificação

Deve ser feita a identificação dos animais (a fogo, tatuagem, brincos, correntes, nitrogênio líquido, eletronicamente ou outro método qualquer) para que se possa ter controle de repetições de cio, data da prenhez, provável data do parto, observações quando da Inseminação Artificial, etc., tudo muito bem anotado em fichas.

Estas fichas constituem excelente instrumento de seleção, pois através delas identificaremos os animais produtivos e improdutivos.




Vacas Amojadas

As vacas "amojadas" (próximas ao parto) deverão ficar em piquetes denominados maternidade com a finalidade de proporcionar assistência adequada tanto às fêmeas quanto aos bezerros, quando da parição, até que estes estejam em perfeitas condições (sadio e forte).

O estado nutricional da vaca no terço final da gestação é de suma importância, pois desta condição, vai depender um parto de forma sadia e fácil, com bastante leite ao bezerro, e uma rápida recuperação uterina, reduzindo, conseqüentemente o tempo de retorno ao primeiro cio fértil no pós-parto.

A reposição da condição corporal de animais mal nutridos, por ocasião do parto, além de ser onerosa, aumenta o intervalo entre partos, diminuindo a taxa de prenhes do rebanho.

Assim que nasce o bezerro deve-se observar se ele mama o colostro da vaca nas primeiras 6 horas de vida, pois este colostro e essencial para a vida futura do animal, caso isso não ocorra ou pela vaca ter o teto grande ou pelo bezerro ser muito fraco deve-se conter a vaca e ajudar a beber o colostro. Vacas com tetos grandes devem ser descartadas do plantel.




Tipos de Desmana

Desmama precoce (90 - 120 dias)

Essa prática é recomendada para períodos de escassez de forragem. Sua finalidade é reduzir o estresse da amamentação e os requerimentos nutricionais da fêmea (principalmente de novilhas), permitindo que estas recuperem seu estado corporal e manifestem o cio. Entretanto, é necessário que esta prática ocorra dentro da estação de monta, possibilitando a reconcepção imediata. Assim sendo, para a estação de monta de novembro a janeiro, ocorreriam duas desmamas: em novembro e em janeiro.

Apesar da reduzida influência do leite sobre o ganho de peso de bezerros, após o terceiro mês de lactação, quando estes já estão pastando e ruminando consideravelmente, a desmama precoce pode prejudicar o desenvolvimento da cria e até causar mortes. Para que não ocorram problemas dessa natureza, a EMBRAPA -Gado de Corte recomenda:

  • desmama de bezerros com peso superior a 90 Kg;
  • desmama em época adequada (para o Brasil Central: novembro a janeiro);
  • pastos diferenciados (com alto valor nutritivo, pequeno porte e alta densidade);
  • suplementação com ração concentrada até 5 - 6 meses de idade;
  • uso de "creep-feeding" na fase pré-desmama.

Desmama temporária ou interrompida

A remoção temporária do bezerro é uma técnica de fácil adoção e empregada para se melhorar a fertilidade de rebanhos de corte. Consiste em separar o bezerro da vaca, por um período de 48 a 72 horas, a partir de 40 dias após o parto.

O efeito da interrupção temporária da amamentação promove o aparecimento do cio, podendo aumentar a taxa de concepção das vacas em até 30%. Entretanto, sua eficácia dependerá da condição corporal da fêmea, por ocasião de sua utilização. Seu maior efeito existe quando a condição corporal é regular, com fêmeas em regime de ganho de peso.


Desmama Tradicional

Em gado de corte deve ser feito entre 6 e 8 meses. Em ocasiões muito especiais, este pode ser feito mais tardiamente ou antecipado (aconselhável com o uso de suplementação alimentar ao bezerro), sem causar prejuízo ao seu desenvolvimento.

A idade de desmama vai depender, portanto, da disponibilidade de forragens e suplementação e da condição corporal da vaca.

O início da lactação (onde há maior exigência nutricional) deve coincidir com épocas de pastagens de boa qualidade. A desmama deve acontecer no início do período seco, onde ocorre a redução das exigências nutricionais das vacas.

Quando do desmame, devemos fazer uma avaliação das vacas no sentido de descartar aquelas que desmamaram os bezerros mais leves e que estão vazias (ou não), liberando pastagens para outras categorias de animais, mantendo aquelas que possuem maior "habilidade materna", ou seja, desmamam bezerros mais pesados.

Deve-se dar preferência ao desmame no final da estação das chuvas, início da estação seca, quando as pastagens são de melhor qualidade. Desta forma com estação de monta de Outubro/Novembro a Janeiro, a desmama aconteceria entre Janeiro/Fevereiro a Abril/Maio (geralmente início da seca) do ano seguinte.

Pode não parecer esta ser a melhor época, mas com a utilização de pastos reservados e/ou suplementação alimentar aos bezerros, pode ocorrer a manutenção de peso e até mesmo algum ganho durante o período seco.

A permanência de algumas vacas chamadas "madrinhas", junto ao lote de bezerros desmamados, é sempre aconselhável.

As fêmeas que perderem seus bezerros por doenças ou mesmo por acidentes devem ser, de preferência, descartadas, pois assim estaremos aumentando a resistência genética ao ambiente e suas intempéries.

Da mesma forma, os animais com defeito grave (genéticos ou adquiridos), como despigmentação, baixa repelência a insetos, aprumos, cascos, etc., devem ser avaliados e eliminados do rebanho.

Os animais devem ser pesados ao desmame após jejum de 12 a 24 horas, considerando para análise da performance a informação do grupo contemporâneo (apenas comparar animais do mesmo sexo e raça, nascidos na mesma época, manejados no mesmo lote/mesmo ambiente e que receberam o mesmo tratamento) e influências paternas e maternas.

Podemos estabelecer como meta um peso ajustado ao desmame (205 dias) equivalente pelo menos a 50% do peso adulto da vaca em reprodução para machos e 45% para as fêmeas (ex.: no caso de vaca Nelore com 400 kg a bezerra deveria pesar 180 kg em regime de pasto).



Estresse na Desmama

Devemos lembrar que, independente da forma de desmama, ocorre o estresse. O estresse é causado basicamente pelo efeito cumulativo dos componentes emocional (onde o longo tempo de proteção e afeto estabelecem um vínculo duradouro entre a cria e a mãe, e que a desmama interrompe, geralmente, de forma brusca este convívio, demorando a se ajustar a nova situação) e nutricional (onde é privado do leite, geralmente pouco, mas é a base de sua alimentação sendo de alta digestibilidade), e em seguida, submetido a um pasto normalmente amadurecido, pobre em qualidade e com reduzida digestibilidade.

Como conseqüência do estresse de desmama, geralmente ocorre atraso no desenvolvimento, além do animal ficar mais suscetível a doenças e parasitoses.

A permanência de algumas vacas chamadas "madrinhas" (formando as creches), junto ao lote de bezerros desmamados, é sempre aconselhável como forma de diminuir o estresse.

A suplementação alimentar, a utilização de pastos reservados, e o "amadrinhamento" junto a outros animais adultos são medidas indispensáveis para não agravar o quadro.

O controle de ecto e endo parasitas assim como vacinações preventivas, devem ser realizadas de forma menos estressante possível.

Em criações extensivas, para identificar a idade dos animais é comum a utilização da marca a fogo, da idade dos animais, sendo a cara o local utilizado para o ano (carimbo do ano). Em outras situações a marcação é feita na paleta, onde em cima é marcado o mês e, logo abaixo, o ano de nascimento.


Castração

É um assunto muito polêmico (castrar ou não), quanto à época e o método a ser adotado. A "castração" depende também do tipo de exploração pecuária, associado ao interesse particular de cada criador ou associação de raças. A castração de machos normalmente ocorre na seca onde a incidência de moscas e outros insetos ou parasitas é menor.

Para tanto, o criador deve procurar um Zootecnista ou um Veterinário para saber a melhor época, em cada região, em cada raça ou cruzamento.

Independente destas condições, há necessidade do animal estar em perfeita saúde, não podendo estar debilitado, para ser submetido a este manejo. Condições de higiene devem ser atendidas para evitar perdas e aumentar o manejo.

Com o advento de novos medicamentos de amplo espectro e longa ação, tornou-se possível efetuar a prática de castração, sem maiores prejuízos e em qualquer época, uma vez que estes produtos protegem os animais por maior período de tempo.

Velozes no campo

Corredores da Stock Car aceleram nas pistas e investem na área rural



QUATRO CAVALEIROS: da esq. para dir., Marcos Gomes, Popó Bueno, Pedro Gomes e Ricardo Sperafico


Eles aceleram na pista, adoram asfalto e cheiro de pneus. Mas, na hora dos negócios e do lazer, não abrem mão da fazenda. São essas mesmas características que unem os gêmeos Ricardo e Rodrigo Sperafico, os irmãos Pedro e Marcos Gomes, e Popó Bueno e Hoover Orsi, todos pilotos da categoria Stock Car de automobilismo. O contato da turma das pistas com o ambiente rural tem origens diferentes, mas com o tempo todos aprenderam a gostar do campo. Alguns têm uma relação mais intrínseca, coisa passada de pai para filho, de filho para neto.



É o caso dos irmãos Sperafico. A história deles com a terra remete ao bisavô paterno, imigrante italiano que desembarcou no Rio Grande do Sul em 1875. Lá, ele logo arregaçou as mangas e começou a trabalhar o solo. O ofício foi passado de geração para geração. Tanto que hoje a família deles, pai junto com os tios, tem como atividade principal o agronegócio. A Sperafico Agroindustrial, que este ano completou 50 anos, comercializa soja, milho, trigo e tem cinco fábricas de refino de óleo de soja espalhadas por Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Hoje, os irmãos não acompanham o dia-a-dia das fazendas tão de perto, mas sempre que possível vão checar como andam as coisas. "Costumamos ir mais na época do plantio e na colheita, porque no inverno a safra já foi colhida", diz Ricardo. Por enquanto, os gêmeos são coadjuvantes, têm apenas algumas cabeças de gado Nelore e ficam observando as decisões do pai, mas têm certo que vão investir no ramo no futuro.


Os irmãos Pedro e Marcos Gomes são outro exemplo de como a paixão dos pais pode ser herdada. A família por parte materna sempre foi ligada à criação de gado de corte, com propriedades no Pará. Mas foi só em 1998 que eles começaram a ter um contato mais próximo porque a família herdou uma fazenda em Goiás, na cidade de Iporá. Isso fez com que eles começassem a acompanhar mais de perto o negócio. Atualmente, além da pecuária de corte - eles possuem cerca de duas mil cabeças de gado Nelore e Simental - os irmãos Gomes dedicam-se ao gado de leite. "Foi aberta uma fábrica de leite em pó perto da fazenda e agora nós estamos fornecendo para eles", conta Pedro. Hoje em dia, quem toca a fazenda é a mãe, com o pai, Paulo Gomes, ex-piloto de Stock Car com quatro títulos na bagagem. Os irmãos Gomes, que até os 15 anos iam com freqüência à fazenda, por conta do ritmo de trabalho na Stock, já não vão tanto. "Eu ainda tenho ido mais, mas meu irmão está em uma equipe que faz muito evento fora e não consegue ir muito", diz Pedro. Mas o fato é que eles já perceberam que, a longo prazo, gado dá retorno.


Por isso, boa parte do dinheiro que ganham com o automobilismo é aplicado em bois. "Os pilotos até brincam, dizendo que sempre que a família Gomes ganha uma corrida é sinal que o rebanho vai aumentar", diz Pedro.

Da turma, o que tem uma relação mais recente com o campo é Paulo Bueno, mais conhecido como Popó Bueno. Filho mais novo do primeiro casamento de Galvão Bueno, ele se aproximou do meio rural há seis anos. Isso aconteceu em função do pai, que se casou como Desirée Soares, natural de Londrina. Por conta disso, Galvão comprou uma fazenda no Paraná e começou a criar Red Angus de elite.



"No início, eu ia para a casa de campo para me divertir, mas aí comecei a acompanhar os leilões, os julgamentos", diz Popó. Deste envolvimento, veio a decisão de investir no gado. Para isso, ele firmou uma sociedade com o sogro e comprou 50 cabeças de Red Angus, um investimento de R$ 100 mil. "A idéia é transformar este negócio em outra fonte de renda", completa. Quem também tem uma história arraigada à terra é o sul matogrossense Hoover Orsi. Ele conta que aprendeu a dirigir em trator. Aos quatro anos, ganhou um minibugue do pai que, empolgado, construiu uma pista no meio do pomar. Hoje, ele não vai muito à fazenda. Mas acredita no negócio e está investindo em gado de corte junto com o avô. Sinal de que o campo continua a falar alto.

Os irmãos Sperafico têm como certo que vão investir no agronegócio em um futuro próximo

Projeto vai formar agentes de assistência técnica e extensão rural


O projeto de qualificação de Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), em manejo ecológico e conservação dos solos e água no Estado de Mato Grosso, será executado no campus da Unemat em Pontes e Lacerda, por uma equipe multidisciplinar. A proposta foi aprovada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), esta semana, por meio do Edital MCT/CNPq/MDA/SAF/Dater Nº 033/2009.

A expectativa é de atender 80 profissionais das áreas de ciências agrárias, ligados à atividade de extensão rural, que tenham vínculo funcional com a Empaer/MT e secretarias municipais de agricultura.

O valor total do projeto é de R$ 121.882,70. A contratação da proposta ocorre ainda este ano e as atividades serão executadas até dezembro de 2011.

Para o coordenador do projeto, professor Samuel Laudelino Silva, a qualificação técnica vai beneficiar diretamente agricultores familiares. “O projeto tem como objetivo atender aos princípios sistêmicos de sustentabilidade agrícola em bases ecológicas e fortalecer o processo de permanência dos produtores rurais em suas áreas, visando à diminuição do êxodo rural via a qualificação técnica desses atores sociais”.

Serão oferecidos dois cursos, com 40 vagas cada, de 88 horas/aula, incluindo parte teórica e pratica. Os participantes terão gratuitamente hospedagem, translado da cidade para o campus e locais de visita técnica e alimentação.

Quatro pesquisadores da Unemat atuarão diretamente nas atividades, entre os quais, os professores Samuel Laudelino Silva (coordenador), Maria Aparecida Pereira Pierangeli, Eurico Neto e Heitor Kirsch. A equipe contará também com pesquisadores da Empaer, Prefeitura de Pontes e Lacerda, Centro de Tecnologia Alternativa, além de monitores acadêmicos da Unemat e profissionais.

Pecuária de corte


A pecuária de corte nacional é uma das principais atividades de exploração econômica do país, caracterizava-se antigamente pelo atraso tecnológico, gestão familiar e principalmente a resistência ao uso das tecnologias da área.

Hoje o cenário diferencia-se um pouco, com uma nova imagem da propriedade rural, que em muitos casos já é administrada como uma empresa. Segundo Barcellos et al (2005), o uso de tecnologias que ajudaram a tecnificar a pecuária de corte, foram principalmente: A suplementação dos animais, utilização de misturas minerais, avanço na seleção das forrageiras, a utilização da seleção genética nas propriedades (principalmente pelo uso de touros selecionados) e o cruzamento das raças (permitindo uma diminuição do tempo do ciclo da atividade).

Raças de bovinos

Uma das principais decisões do pecuarista ao iniciar ou mudar a atividade de pecuária é quanto a escolha da raça que será criada, pode-se destacar algumas raças, porém a decisão deve ser tomada com bom senso. O pecuarista deve saber a realidade de sua propriedade e o nível de tecnologia que almejará empregar e assim escolher a raça a ser criada. Existem raças mais precoces e outras mais tardias, porém o nível de exigência delas varia, principalmente quanto ao clima e alimentação fornecida. Definimos como “aptidão” a finalidade para qual a raça é mais produtiva, então podemos ter raças de aptidão de corte, aptidão para leite e de dupla aptid

ão (servem tanto para a produçã

o de corte como para produção de leite). Algumas raças indicadas para a produção de corte:




- Nelore: responsável por 80% do rebanho nacional, o nelore apresenta excelente adaptação as regiões mais quentes do país (trata-se de u

ma raça de origem indiana) além de

resistência a restrições alimentares;







- Angus: raça de origem européia, produz carnes com excelentes características de maciez e sabor, trata-se de uma raça com terminação mais precoce quando comparado ao nelore, porém a exigência principalmente quanto a alimentação é maior;










- Brahman: trata-se de um cruzamento criado nos Estados Unidos entre as principais raças zebuínas, é uma excelente raça para cruzamento industrial, pela origem é uma raça com boa adaptação ao nosso país;









- Brangus: raça oriunda do cruzamento do Brahman X Angus, a principal característica da carne dessa raça é a excelente marmorização, muito utilizada nos confinamentos devido ao seu elevado ganho de peso e precocidade.






A pecuária de corte brasileira tem um fator bastante competitivo em relação ao cenário mundial: grande parte do rebanho nacional é criado exclusivamente à pasto, o que gera diminuição dos custos de produção da arroba de carne. Nota-se que passamos por um momento de mudanças, a propriedade já é tratada como uma empresa e administrada de forma menos familiar. Há muito a se evoluir, principalmente no que se refere a diminuição do ciclo de produção, algo q atualmente gira em torno de 4-5 anos, o emprego de tecnologias principalmente do melhoramento genético são alternativas que farão a pecuária brasileira ganhar cada vez mais o cenário mundial e alcançar níveis tecnificados.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Agricultura de Subsistência: baixa produtividade


É um sistema de produção agrícola que visa a sobrevivência do agricultor e de sua família. É caracterizada pela utilização de recursos técnicos pouco desenvolvidos. Os instrumentos agrícolas mais usados são: enxada, foice e arado. Raramente são utilizados tratores ou outro tipo de máquina. A produção é baixa em comparação às grandes propriedades rurais mecanizadas.

Este sistema é geralmente aplicado em pequenas propriedades rurais, também conhecidas como sítios, de regiões pobres.

A produção nestas propriedades é, na maioria das vezes, de hortaliças, arroz, feijão, batata, mandioca e milho.
Quando sobra parte da produção, esta é vendida ou trocada por outros produtos que não são produzidos na propriedade.

Porque criar Guzerá?


Bom de leite, bom de carne, bom de conversão alimentar, extremamente rústico e fértil. Todas as raças gostariam de ter tantas qualidades.

O Guzerá é extremamente longevo e é pelas suas qualidades, formadoras de outras raças. E por isto tudo é uma raça que dá lucro.

A raça é de dupla aptidão. Por isto os pecuaristas de todos os segmentos vem utilizando o Guzerá em seus cruzamentos.



Leva peso e habilidade materna ao gado branco de corte. Tem respondido à pressão de melhoramento para carne com aumentos expressivos na velocidade de ganho de peso . Hoje são comuns touros com mais de uma tonelada.

Leva saúde, rusticidade ao gado das bacias leiteiras. É a garantia de bezerros grandes e fortes, com alta resistência aos carrapatos e aos períodos secos comuns no mundo tropical. A vaca Guzerá das linhagens leiteiras produz leite com custos baixíssimos.

Projeto modelo de produção orgânica de leite beneficia agricultores familiares.


Avaliar e desenvolver um modelo de produção orgânica de leite para bubalinos e bovinos respeitando os princípios agroecológicos. Este é o objetivo do projeto de pesquisa desenvolvido pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri), através da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que visa otimizar a produção leiteira e colaborar com o aumento da renda dos agricultores familiares, sem comprometer a biodiversidade do ecossistema.

Os trabalhos de pesquisa iniciaram, este ano, na Estação Experimental de Aramari, região de Alagoinhas, e participam do projeto os produtores rurais dos territórios Cidadania Litoral Sul e Baixo Sul, para produção orgânica de leite com bubalinos e bovinos. Os agricultores familiares dos territórios Litoral Norte e Agreste de Alagoinhas, que estão no entorno da Estação Experimental, além de poderem acompanhar as pesquisas na área de produção de leite, serão beneficiados com os trabalhos voltados para a diversificação de culturas e preservação ambiental, que também fazem parte do projeto.

Segundo Antonio Vicente Dias, veterinário da EBDA, o projeto será executado na Estação Experimental e em duas propriedades dos territórios que englobam o Extremo-Sul do Estado, até 2011, e prevê ações de manejo orgânico de solos, controle alternativo de formigas cortadeiras, homeopatia e fitoterapia no manejo sanitário dos animais, preservação de nascentes e cuidados ambientais. O projeto também envolve ações de recuperação de áreas degradadas do solo - com manejo orgânico -, de matas ciliares e nascentes, e dos recursos hídricos. A preocupação com o conforto térmico e o bem-estar animal é outra característica do projeto, bem como com a qualidade do leite, determinada por análises, realizadas pela EBDA, e a integração de outras culturas ao sistema.

"Ao final deste projeto pretendemos contar com uma unidade modelo de produção orgânica, na Estação Experimental de Aramari, onde os agricultores familiares serão treinados vivenciando uma realidade concreta", explicou Antônio Vicente. O modelo de produção orgânica de leite adotado apresenta princípios agroecológicos e bases de sustentabilidade que permitem produzir a partir das técnicas orgânicas de cultivo, sem prejudicar o meio ambiente e os seres humanos. A previsão é que, ao longo dos trinta e seis meses da pesquisa, serão combinadas inovações tecnológicas com as práticas tradicionais dos agricultores, tais como reciclagem e conservação da água e técnicas de adubação verde e compostagem, de proteção das nascentes, de manejo de outros animais domésticos (galinhas, peru e porcos) e conservação de recursos florestais, não madeireiros, como lenha, plantas medicinais e fruteiras.

Importância Econômico-Social do Agronegócio Brasileiro


O agronegócio é também importante na geração de renda e riqueza do País. No aspecto social, a agricultura é o setor econômico que ainda mais ocupa mão-de-obra, ao redor de 17 milhões de pessoas, que somados a 10 milhões dos demais componentes do agronegócio, representa 27 milhões de pessoas, no total. É o setor que ocupa mais mão-de-obra em relação ao valor de produção: para cada R$ 1 milhão, o número de ocupados, em 1995, era de 182 para a agropecuária, 25 para a extração mineral, 38 para a construção civil. (CONTINI, 2001).

O agronegócio como um todo envolve mais de 1/3 do PIB brasileiro. Mesmo reconhecendo-se os benefícios da transformação de uma sociedade agrária para uma industrial-urbana, não se pode esquecer que esta tem capacidade limitada de absorver mão-de-obra. Principalmente em regiões menos desenvolvidas, os setores da agricultura, da agroindustrialização e de áreas correlatas serão importantes para o crescimento da renda e do emprego. (RENAI, 2007).

No contexto da recente crise cambial, o agronegócio tem sido um fator que minimizou os desequilíbrios das contas externas do Brasil. A agricultura contribuiu decisivamente para as exportações com saldo comercial setorial positivo da ordem de US$ 40,18 bilhões de dólares em 2006 e de 49,7 bilhões em 2007.



Desafios do Agrone
gócio no Brasil

Segundo indicadores da (Unctad), a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, o Brasil será o maior país agrícola do mundo em dez anos. Em 2006 as exportações cresceram 19,29% em relação a 2005, em termos de saldo, a ampliação em 2007 foi de cerca de US$ 58,4 bilhões, um aumento de 10,8% acima dos US$ 52,04 bilhões de 2006. O país é líder mundial de exportação de açúcar, café, suco de laranja e soja. Assumiu também a dianteira nos segmentos de carne bovina e frango, depois de ultrapassar tradicionais concorrentes, como Estados Unidos e Austrália. Essas boas posições devem consolidar-se ainda mais nos próximos anos. (BORGES, 2007).

Esse montante coloca o Brasil entre os líderes mundiais na produção de soja, milho, açúcar, café, carne bovina e de frango. Mas todos esses bons resultados, assim como as expectativas futuras, correm sérios riscos de sofrer um pesado revés se os problemas relacionados à infra-estrutura logística - o maior obstáculo para o desenvolvimento do agronegócio do Brasil, não forem solucionados. Um dos grandes entraves é a infra-estrutura, em particular a precariedade da malha rodoviária do país.

De acordo com uma das pesquisas mais recentes sobre o assunto, elaborada pela CNT Confederação Nacional do Transporte (2007), dos 84.832 quilômetros avaliados, 37% encontram-se em estado péssimo de conservação e outros 32% possuem alguma deficiência. Em razão desse tipo de problema, regiões com potencial no agronegócio, como o Nordeste, ainda não conseguiram deslanchar. O agronegócio é justamente o que mais sofre com a ineficiência dos canais de transporte, cujas deficiências são responsáveis por prejuízo correspondente a 16% do PIB, segundo estudo do Centro de Estudos de Logística da Universidade do Rio de Janeiro.

O gargalo logístico envolve praticamente toda a infra-estrutura de transporte do país. As ferrovias, embora tenham recebido investimentos com a privatização, ainda estão longe de suprir a demanda do setor de agronegócio e se consolidar como uma alternativa viável ao transporte rodoviário. Além da ampliação da malha de 30 mil quilômetros de extensão (praticamente igual a do Japão, país 22 vezes menor que o Brasil) é urgente a modernização do maquinário. Com os trens e bitolas atuais, a velocidade média das composições não ultrapassa lentos 25 km/h. (BORGES, 2007).

Ainda de acordo com a mesma fonte, Ao mesmo tempo, deixamos de fazer uso de canais de transporte de grande potencial, caso dos 42 mil quilômetros de hidrovias, em que apenas 10 mil quilômetros são efetivamente utilizados. Como resultado, sistemas como o do Tietê-Paraná, com 2,4 mil quilômetros e que consumiu US$ 2 bilhões em investimentos públicos em vários governos, escoa apenas 2 milhões de toneladas de carga/ano, apenas 10% de sua capacidade total.

No transporte marítimo de cabotagem (outro canal com grande potencial no Brasil) assistimos a uma situação semelhante. Embora a privatização tenha contribuído para a modernização dos portos, o excesso de mão-de-obra (que chega a ser de três a nove vezes superiores aos portos europeus e sul-americanos) ainda mantém os padrões de produtividade baixos. Enquanto o índice internacional de movimentação é de 40 contêineres/hora, nos portos brasileiros essa média é de 27. É um dos motivos pelos quais todos os anos caminhões formam filas de até 150 quilômetros de extensão para descarregar suas cargas no porto de Paranaguá (PR).

Consciente de que sozinho não conseguirá reverter esse quadro, o governo federal já busca o apoio da iniciativa privada. Por meio do plano de Parceria Público-Privada, que pretende investir R$ 13,68 bilhões em 23 projetos de reformas em rodovias, ferrovias, portos e canais de irrigação nos próximos anos. Na certeza que só as Parcerias Público-Privada, não será suficiente para dotar o país de bom infra-estrutura, o Governo Federal criou o (PAC) Programa de Aceleração do Crescimento lançado no começo de 2007, foi concebido para eliminar esse descompasso e afastar o risco de gargalos nos próximos anos. (PAC, 2009).

O objetivo do programa é aumentar o investimento em infra-estrutura para: eliminar os principais gargalos que podem restringir o crescimento da economia; reduzir custos e aumentar a produtividade das empresas; estimular o aumento do investimento privado; e reduzir as desigualdades regionais. Os investimentos em Infra-Estrutura logística do PAC previstos até 2010 são de R$ 58 bilhões de reais.

É preciso destacar também que, além dos recursos, a iniciativa privada ainda tem muito a contribuir para o desenvolvimento da infra-estrutura do país, incentivando a criação de pólos intermodais de transporte (integração entre os sistemas rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial e aéreo) para redução de custos e aumento do nível de serviços.

Um exemplo do potencial desses pólos é representado por um estudo do Geipot (Empresa Brasileira de Planejamento em Transportes, ligada ao Ministério dos Transportes). Já em 2000, a empresa alertava que o melhor aproveitamento e a utilização racional dos canais de transporte seria capaz de economizar em cerca de US$ 75 milhões os custos anuais de escoamento de grãos. Para ilustrar o que estamos falando, basta destacar que um único comboio na hidrovia Rio Madeira tem capacidade para 18 mil toneladas de grãos, substituindo 600 carretas de 30 toneladas nos eixos Cuiabá (MT) / Santos (SP) e Cuiabá (MT) /Paranaguá (PR). Essa redução dos custos de transporte contribuiria diretamente para reduzir os custos de nossos produtos, tornando-os mais competitivos no mercado internacional. Isso sem falar da economia de combustível e de fretes, na redução do tráfego e desgaste das rodovias.

Outro obstáculo sério ao desenvolvimento pleno do agronegócio está relacionado ao sistema tributário. Com uma economia aberta ao exterior, isto é com possibilidade de exportar e importar qualquer produto do agronegócio, a carga tributária deve ser compatível com a dos nossos competidores. Como nossos concorrentes, inclusive no Mercosul, têm impostos baixos, fica difícil ao produtor brasileiro competir nos mercados externos; vezes há que perde o próprio mercado interno porque os produtos importados chegam mais baratos.

Não há como o produtor rural e a agroindústria serem competitivos com governos vorazes em criar novos impostos, aumentar os atuais e com mecanismos complexos de arrecadação, o que aumenta os custos de produção. A reforma tributária é urgente, com diminuição da carga e simplificação dos procedimentos na tributação. Além das medidas de controle sanitário que também estão na relação de assuntos importantes que vêm sendo negligenciados pelo governo.

O potencial de prejuízos que isso pode acarretar aos produtores já foi demonstrado nos últimos anos. Por causa do surgimento de focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná, segundo Seibel (2007) mais de 50 países impuseram embargo à carne bovina desses estados, que estão entre os maiores produtores nacionais. Além do embargo à carne bovina, o agronegócio brasileiro sofreu com o surto de gripe aviária, que prejudicou as exportações mesmo de países que não registraram casos da doença (como o Brasil).

Como se vê, os obstáculos para o crescimento do agronegócio brasileiro são imensos, mas as soluções também existem e precisam ser colocadas em prática. O que esperamos, é que tanto o governo nas esferas federal, estadual e municipal, quanto a iniciativa privada, mantenham a sua determinação em modernizar a infra-estrutura brasileira, e resolva os problemas domésticos para que o pais se torne a potência do agronegócio do futuro.

Caprinos: genética mais barata


Bom para quem vende e melhor para quem compra. A inseminação artificial de caprinos e ovinos no Brasil é um negócio emergente e lucrativo, que começa a despertar cada vez mais o interesse de criadores brasileiros. Conforme o presidente da Associação Paulista de Criadores de Caprinos (Capripaulo), Vicente Ribeiro, a inseminação artificial é hoje o método mais acessível para melhorar o nível do rebanho do País. “Não há crescimento genético se não se trabalhar com todas as variantes que as espécies oferecem”, diz Ribeiro. “E, no caso dos caprinos e ovinos, só temos duas: trabalhar diretamente com o animal, adquirindo reprodutores, o que é muito caro, ou com o sêmen congelado.” A inseminação artificial, segundo Ribeiro, tem possibilitado a melhora e o aumento do rebanho de ovinos e caprinos no País, e atraindo novos criadores. Ele cita o Estado de São Paulo, onde as atividades vêm crescendo nos últimos anos, tanto pelo aumento efetivo dos rebanhos quanto pelo incremento do número de propriedades rurais destinadas à atividade. O rebanho de caprinos e ovinos no Estado em 1996 era de 64.900 e 257.400 cabeças, respectivamente. Em 2005, passou a 82.100 cabeças de caprinos (aumento de 26,5%)e 324.700 cabeças de ovinos (aumento de 26,1%). INVESTIMENTO Mas se hoje é uma atividade atraente, deve-se ao empenho de algumas empresas brasileiras que investiram na tecnologia. Há menos de seis anos, sêmen de caprino e ovino era importado da França, do Canadá e dos Estados Unidos, a peso de ouro: US$ 50 a dose. Até que uma empresa de Porto Feliz (SP), região de Sorocaba, resolveu, em vez de importar o sêmen, investir US$ 10 mil na compra de quatro machos reprodutores das raças saanen, anglo-nubiana e bôer, dando início ao negócio. Desenvolveu, também, tecnologia para congelar o sêmen e fazer coleta de sêmen e inseminação de ovinos, caprinos e bovinos. Resultado: a dose de sêmen caprino pode ser adquirida, hoje, pela média de US$ 2 a unidade. “Faltava iniciativa no Brasil para superar o elevado preço do sêmen”, conta o proprietário da empresa, Julio Motta. “E nós conseguimos romper essa barreira.” Além de reprodutores próprios, a empresa aloja reprodutores de terceiros e fica responsável pela comercialização do sêmen. GENÉTICA APURADA Com o preço menor do sêmen, os criadores tiveram a possibilidade de melhorar mais rapidamente a genética do plantel. O pecuarista Wilson Valentini Júnior, proprietário da Granja União, de Pindamonhangaba (SP), utiliza a inseminação artificial em seu rebanho caprino - 350 cabeças para leite e corte, das raças saanen, boggenuerg e anglo-nubiana - há sete anos. “Antes, eu tinha de importar o sêmen dos Estados Unidos e do Canadá, por US$ 50 a dose”, conta Valentini Jr. “Com a tecnologia brasileira, há cinco anos, o processo ficou mais viável”, comemora. “Hoje, tanto um criador do Nordeste como do Sul pode melhorar o rebanho adquirindo sêmen de reprodutores de qualidade comprovada, sem um custo absurdo.” Dois de seus animais tops, premiados em pistas, estão na empresa de inseminação de Porto Feliz: Chile, da raça boggenuerg, e Rosário, da raça saanen, ambos avaliados em R$ 20 mil, cada. A dose de sêmen de cada um é vendida por R$ 25. Rosário já forneceu 500 doses, vendidas em apenas 60 dias, e voltou à central de inseminação para a coleta de mais mil doses. Outros três animais premiados, Silverado (anglo-nubiano), Grafite (boggenuerg) e Jatobá (saanen) também estão sendo preparados para passar uma temporada em coleta. CORTE E LEITE Ribeiro, da Capripaulo, também é criador de caprinos e ovinos de corte e leite. Em sua propriedade, em Jacareí (SP), o sistema de produção é de confinamento, com destaque para os animais de apurada genética e uma estrutura de cama de palha arroz (diferente das usuais, com piso ripado). Ele afirma que o rebanho paulista possui alta qualidade genética, o que proporciona altos índices de produtividade de leite, e, no caso do corte, carcaças com bom rendimento. “Hoje, com a tecnologia desenvolvida aqui, a inseminação artificial permite ao criador melhorar seu rebanho com baixo investimento e uma boa genética.” O mercado, no Brasil, tornou-se tão atraente que chamou a atenção de uma empresa holandesa de inseminação artificial, especializada em bovinos. Há cinco anos, a empresa investiu em caprinos e ovinos e ainda hoje é a única do País a distribuir sêmen congelado desses animais, numa parceria feita com a empresa de Porto Feliz. Segundo o gerente da empresa, o veterinário André Bruzzi Correia, a aposta deu certo. O mercado de sêmen congelado de caprinos e ovinos cresceu 100%, entre 2004 e 2005, e a tendência é continuar em alta. “Há cinco anos muitos não acreditavam que era um mercado promissor. Hoje, quem não apostou nisso está correndo atrás”, diz Correia. “A criação de ovinos e caprinos tem alta rentabilidade e um ciclo muito mais rápido do que o de bovinos.”

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Pimenta Bueno

Pimenta Bueno é um município brasileiro do estado de Rondônia. Localiza-se a uma latitude 11º40'21" sul e a uma longitude 61º11'37" oeste. Sua população estimada em 2004 era de 31 416 habitantes.

Possui uma área de 6258,64 km² e conta com clima quente e úmido, amenizado pela altitude de 195 metros em que se encontra, apresenta grandes variações de temperatura entre os extremos diurnos e noturnos.

História

Localizada ao sul do estado de Rondônia, Pimenta Bueno foi a segunda cidade originada a partir da passagem do Marechal Rondon na região. Em 1912, na confluência dos Rios Apidiá e Comemoração, hoje Rios Pimenta Bueno e Barão de Melgaço, foi instalada uma Estação Telegráfica, sob o comando do Cabo João Pimenta Bueno. Nessa época dos 600 homens que participavam da Expedição de Marechal Cândido Rondon, 100 chegaram com a missão de expandir a linha telegráfica Corumbá e Cuiabá até o Acre e Amazonas. Os garimpeiros e seringueiros que residiam nesse povoado eram maioria nordestinos atraídos pelas riquezas naturais.

A denominação dada ao rio Pimenta Bueno e, oportunamente, a Estação Telegráfica de Pimenta Bueno, pelo chefe da Comissão Rondon, deve-se à homenagem que a mesma estaria a prestar ao ilustre homem público, Francisco Antônio Pimenta Bueno, nascido em Cuiabá, aos 10 de novembro de 1836 e que faleceu no Rio de janeiro, em 7 de dezembro de 1888. Francisco era filho do Dr. José Antônio Pimenta Bueno, Visconde e Marquês de São Vicente, que, por sua vez, foi um dos maiores juristas da época imperial, também Presidente da Província de Mato-Grosso, em 1846 e, mais adiante, Presidente da Província do Rio Grande do Sul, em 1850, e da Marquesa Dona Balbina Henriqueta de Faria e Albuquerque. Francisco Antônio Pimenta Bueno, de excelente formação moral, descendente de nobre família, houvera, desde muito cedo, abraçado a carreira militar, tornando-se Coronel do Estado Maior de Primeira Classe.

Há referências que em 1926, o vilarejo contava com a população de 24 pessoas. Até a década de 1940, o pequeno povoado viveu em função do posto telegráfico e a economia girava em torno da extração da borracha e garimpo de diamantes. Nos anos 1960 com a abertura da BR-364 pelo quinto batalhão de engenharia e construção (5.º BEC) a vila se expandiu.

Em 1969, com a implantação do projeto integrado de colonização pelo Incra, começaram a chegar os migrantes, vindos especialmente do sul, para promover o crescimento e o progresso do então território federal do Guaporé, posteriormente território federal de Rondônia. Ainda hoje, segundo pesquisadores, residem no Município, descendentes daqueles pioneiros.

Elevado a condição de município, por meio do decreto n.º 6.448, artigo 47 de 11 de outubro de 1977 foi criado o Município de Pimenta Bueno, sua emancipação político-administrativa aconteceu em 24 de novembro de 1977, data em que comemora o aniversário do Município e a posse do primeiro prefeito nomeado pelo governador Humberto da Silva Guedes (Coronel do Exército), Vicente Homem Sobrinho.

Ponto turístico: Praia Descrição: No período de estiagem, os rios amazônicos reduzem seu volume d´água, rebaixando sensivelmente seu nível fluviométrico; com isso, provoca o aparecimento de trechos dos rios margeados por praias arenosas, propícias a atividades de lazer. Nas proximidades do encontro das águas dos rios Pimenta Bueno e Comemoração, afloram diversas praias, frequentadas por moradores locais e visitantes, dada a facilidade de acesso, qualidade das águas e atrativos do local. A montante dos referidos rios, existem outras praias igualmente atraentes, necessitando-se porém de uma embarcação para atingi-las.A distância destas praias é de 2 a 3 km da zona central da cidade, acessível através dos bairros marginais aos rios.