sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Caprinos: genética mais barata


Bom para quem vende e melhor para quem compra. A inseminação artificial de caprinos e ovinos no Brasil é um negócio emergente e lucrativo, que começa a despertar cada vez mais o interesse de criadores brasileiros. Conforme o presidente da Associação Paulista de Criadores de Caprinos (Capripaulo), Vicente Ribeiro, a inseminação artificial é hoje o método mais acessível para melhorar o nível do rebanho do País. “Não há crescimento genético se não se trabalhar com todas as variantes que as espécies oferecem”, diz Ribeiro. “E, no caso dos caprinos e ovinos, só temos duas: trabalhar diretamente com o animal, adquirindo reprodutores, o que é muito caro, ou com o sêmen congelado.” A inseminação artificial, segundo Ribeiro, tem possibilitado a melhora e o aumento do rebanho de ovinos e caprinos no País, e atraindo novos criadores. Ele cita o Estado de São Paulo, onde as atividades vêm crescendo nos últimos anos, tanto pelo aumento efetivo dos rebanhos quanto pelo incremento do número de propriedades rurais destinadas à atividade. O rebanho de caprinos e ovinos no Estado em 1996 era de 64.900 e 257.400 cabeças, respectivamente. Em 2005, passou a 82.100 cabeças de caprinos (aumento de 26,5%)e 324.700 cabeças de ovinos (aumento de 26,1%). INVESTIMENTO Mas se hoje é uma atividade atraente, deve-se ao empenho de algumas empresas brasileiras que investiram na tecnologia. Há menos de seis anos, sêmen de caprino e ovino era importado da França, do Canadá e dos Estados Unidos, a peso de ouro: US$ 50 a dose. Até que uma empresa de Porto Feliz (SP), região de Sorocaba, resolveu, em vez de importar o sêmen, investir US$ 10 mil na compra de quatro machos reprodutores das raças saanen, anglo-nubiana e bôer, dando início ao negócio. Desenvolveu, também, tecnologia para congelar o sêmen e fazer coleta de sêmen e inseminação de ovinos, caprinos e bovinos. Resultado: a dose de sêmen caprino pode ser adquirida, hoje, pela média de US$ 2 a unidade. “Faltava iniciativa no Brasil para superar o elevado preço do sêmen”, conta o proprietário da empresa, Julio Motta. “E nós conseguimos romper essa barreira.” Além de reprodutores próprios, a empresa aloja reprodutores de terceiros e fica responsável pela comercialização do sêmen. GENÉTICA APURADA Com o preço menor do sêmen, os criadores tiveram a possibilidade de melhorar mais rapidamente a genética do plantel. O pecuarista Wilson Valentini Júnior, proprietário da Granja União, de Pindamonhangaba (SP), utiliza a inseminação artificial em seu rebanho caprino - 350 cabeças para leite e corte, das raças saanen, boggenuerg e anglo-nubiana - há sete anos. “Antes, eu tinha de importar o sêmen dos Estados Unidos e do Canadá, por US$ 50 a dose”, conta Valentini Jr. “Com a tecnologia brasileira, há cinco anos, o processo ficou mais viável”, comemora. “Hoje, tanto um criador do Nordeste como do Sul pode melhorar o rebanho adquirindo sêmen de reprodutores de qualidade comprovada, sem um custo absurdo.” Dois de seus animais tops, premiados em pistas, estão na empresa de inseminação de Porto Feliz: Chile, da raça boggenuerg, e Rosário, da raça saanen, ambos avaliados em R$ 20 mil, cada. A dose de sêmen de cada um é vendida por R$ 25. Rosário já forneceu 500 doses, vendidas em apenas 60 dias, e voltou à central de inseminação para a coleta de mais mil doses. Outros três animais premiados, Silverado (anglo-nubiano), Grafite (boggenuerg) e Jatobá (saanen) também estão sendo preparados para passar uma temporada em coleta. CORTE E LEITE Ribeiro, da Capripaulo, também é criador de caprinos e ovinos de corte e leite. Em sua propriedade, em Jacareí (SP), o sistema de produção é de confinamento, com destaque para os animais de apurada genética e uma estrutura de cama de palha arroz (diferente das usuais, com piso ripado). Ele afirma que o rebanho paulista possui alta qualidade genética, o que proporciona altos índices de produtividade de leite, e, no caso do corte, carcaças com bom rendimento. “Hoje, com a tecnologia desenvolvida aqui, a inseminação artificial permite ao criador melhorar seu rebanho com baixo investimento e uma boa genética.” O mercado, no Brasil, tornou-se tão atraente que chamou a atenção de uma empresa holandesa de inseminação artificial, especializada em bovinos. Há cinco anos, a empresa investiu em caprinos e ovinos e ainda hoje é a única do País a distribuir sêmen congelado desses animais, numa parceria feita com a empresa de Porto Feliz. Segundo o gerente da empresa, o veterinário André Bruzzi Correia, a aposta deu certo. O mercado de sêmen congelado de caprinos e ovinos cresceu 100%, entre 2004 e 2005, e a tendência é continuar em alta. “Há cinco anos muitos não acreditavam que era um mercado promissor. Hoje, quem não apostou nisso está correndo atrás”, diz Correia. “A criação de ovinos e caprinos tem alta rentabilidade e um ciclo muito mais rápido do que o de bovinos.”

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