domingo, 27 de dezembro de 2009

Tristeza Parasitária Bovina

As enfermidades parasitárias são importantes causas de perdas econômicas. O complexo Tristeza Parasitária Bovina (TPB) ou Piroplasmose acarreta grandes prejuízos à pecuária nacional. Os principais agentes etiológicos são os protozoários Babesia bigemina, B. bovis e a rickettsia Anaplasma marginale, sendo o carrapato Boophilus microplus o principal vetor.


Considerando a mortalidade e as perdas indiretas, como queda na produção de leite, diminuição no ganho do peso e custos do controle e profilaxia foi estimado que o impacto econômico da TPB no Brasil poderia ultrapassar US$ 500 milhões anuais. Estas doenças, além de representarem sério entrave à introdução de animais de áreas livres com o propósito de melhorar a qualidade genética dos rebanhos nacionais, são ainda importantes causas de morbidade e mortalidade, especialmente de animais de raças européias.

Os carrapatos causam danos aos seus hospedeiros tanto pela ação espoliadora e ingestão de sangue, lesões provocadas na pele, condicionando ao aparecimento de infecções secundárias e desvalorização do couro, quanto pela transmissão de agentes patogênicos, sendo também responsáveis por elevados gastos com produtos carrapaticidas, mão-de-obra e equipamentos para o controle. No Brasil, o carrapato Boophilus microplus é o mais importante transmissor da Babesiose e é também apontado como um dos vetores biológicos potenciais de Anaplasma marginale, que parasitam eritrócitos de ruminantes, além também de moscas hematófagas (vetores mecânicos), agulhas hipodérmicas, transfusões de sangue, e transplantes de embriões.


Carrapato Boophilus microplus o principal vetor da Tristeza Bovina

A babesiose e a anaplasmose podem ocorrer de forma isolada ou concomitante, constituindo o complexo Tristeza Parasitária Bovina (TPB). Na fase aguda, os possíveis sintomas são apatia, febre, anorexia, fraqueza, anemia e perda de peso, além de também relatados taquicardia, taquipnéia e atonia ruminal. Nos casos de babesiose por B. bovis os sinais clínicos são principalmente neurológicos e estão relacionados à locomoção, como andar cambaleante ou incoordenação principalmente dos membros pélvicos, tremores musculares, agressividade e quedas com movimentos de pedalagem. Os sinais e sintomas clínicos podem ser varáveis segundo a idade, resistência imunológica, estado nutricional e raça. Em estágios mais avançados podem ocorrer icterícia, geralmente associada a anaplasmose, e hemoglobinúria, na infecção por B. bigemina.

O diagnostico laboratorial é indispensável para confirmar o diagnóstico clínico e identificar o agente responsável. O método mais prático e mais usado é o esfregaço sangüíneo, onde o sangue deve ser colhido na orelha ou na extremidade da cauda do animal (aconselha-se fazer no mínimo três laminas por animal). Dentre os testes sorológicos pode-se optar pela imunofluorescência direta (IFI) e o teste de conglutinação rápida (TCR).

Devido ao caráter agressivo da tristeza parasitária, muitas vezes não é possível aguardar o resultado laboratorial para iniciar o tratamento. Na realidade, o sucesso da terapia contra a piroplasmose depende do diagnóstico precoce e do pronto tratamento do animal afetado. O prognóstico dos quadros de tristeza parasitária está diretamente associado à fase de desenvolvimento da doença em que é realizado o tratamento.

Geralmente, no tratamento convencional da Anaplasmose, os princípios ativos utilizados são as tetraciclinas, na dosagem de 8 a 11 mg/Kg de peso vivo, durante três dias.

Em relação à Babesia, normalmente utiliza-se para o tratamento produtos à base de diaminazine aceturato na dosagem de 3 a 8 mg/kg de peso vivo, via intramuscular, em dose única.

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