sábado, 26 de dezembro de 2009

Velozes no campo

Corredores da Stock Car aceleram nas pistas e investem na área rural



QUATRO CAVALEIROS: da esq. para dir., Marcos Gomes, Popó Bueno, Pedro Gomes e Ricardo Sperafico


Eles aceleram na pista, adoram asfalto e cheiro de pneus. Mas, na hora dos negócios e do lazer, não abrem mão da fazenda. São essas mesmas características que unem os gêmeos Ricardo e Rodrigo Sperafico, os irmãos Pedro e Marcos Gomes, e Popó Bueno e Hoover Orsi, todos pilotos da categoria Stock Car de automobilismo. O contato da turma das pistas com o ambiente rural tem origens diferentes, mas com o tempo todos aprenderam a gostar do campo. Alguns têm uma relação mais intrínseca, coisa passada de pai para filho, de filho para neto.



É o caso dos irmãos Sperafico. A história deles com a terra remete ao bisavô paterno, imigrante italiano que desembarcou no Rio Grande do Sul em 1875. Lá, ele logo arregaçou as mangas e começou a trabalhar o solo. O ofício foi passado de geração para geração. Tanto que hoje a família deles, pai junto com os tios, tem como atividade principal o agronegócio. A Sperafico Agroindustrial, que este ano completou 50 anos, comercializa soja, milho, trigo e tem cinco fábricas de refino de óleo de soja espalhadas por Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Hoje, os irmãos não acompanham o dia-a-dia das fazendas tão de perto, mas sempre que possível vão checar como andam as coisas. "Costumamos ir mais na época do plantio e na colheita, porque no inverno a safra já foi colhida", diz Ricardo. Por enquanto, os gêmeos são coadjuvantes, têm apenas algumas cabeças de gado Nelore e ficam observando as decisões do pai, mas têm certo que vão investir no ramo no futuro.


Os irmãos Pedro e Marcos Gomes são outro exemplo de como a paixão dos pais pode ser herdada. A família por parte materna sempre foi ligada à criação de gado de corte, com propriedades no Pará. Mas foi só em 1998 que eles começaram a ter um contato mais próximo porque a família herdou uma fazenda em Goiás, na cidade de Iporá. Isso fez com que eles começassem a acompanhar mais de perto o negócio. Atualmente, além da pecuária de corte - eles possuem cerca de duas mil cabeças de gado Nelore e Simental - os irmãos Gomes dedicam-se ao gado de leite. "Foi aberta uma fábrica de leite em pó perto da fazenda e agora nós estamos fornecendo para eles", conta Pedro. Hoje em dia, quem toca a fazenda é a mãe, com o pai, Paulo Gomes, ex-piloto de Stock Car com quatro títulos na bagagem. Os irmãos Gomes, que até os 15 anos iam com freqüência à fazenda, por conta do ritmo de trabalho na Stock, já não vão tanto. "Eu ainda tenho ido mais, mas meu irmão está em uma equipe que faz muito evento fora e não consegue ir muito", diz Pedro. Mas o fato é que eles já perceberam que, a longo prazo, gado dá retorno.


Por isso, boa parte do dinheiro que ganham com o automobilismo é aplicado em bois. "Os pilotos até brincam, dizendo que sempre que a família Gomes ganha uma corrida é sinal que o rebanho vai aumentar", diz Pedro.

Da turma, o que tem uma relação mais recente com o campo é Paulo Bueno, mais conhecido como Popó Bueno. Filho mais novo do primeiro casamento de Galvão Bueno, ele se aproximou do meio rural há seis anos. Isso aconteceu em função do pai, que se casou como Desirée Soares, natural de Londrina. Por conta disso, Galvão comprou uma fazenda no Paraná e começou a criar Red Angus de elite.



"No início, eu ia para a casa de campo para me divertir, mas aí comecei a acompanhar os leilões, os julgamentos", diz Popó. Deste envolvimento, veio a decisão de investir no gado. Para isso, ele firmou uma sociedade com o sogro e comprou 50 cabeças de Red Angus, um investimento de R$ 100 mil. "A idéia é transformar este negócio em outra fonte de renda", completa. Quem também tem uma história arraigada à terra é o sul matogrossense Hoover Orsi. Ele conta que aprendeu a dirigir em trator. Aos quatro anos, ganhou um minibugue do pai que, empolgado, construiu uma pista no meio do pomar. Hoje, ele não vai muito à fazenda. Mas acredita no negócio e está investindo em gado de corte junto com o avô. Sinal de que o campo continua a falar alto.

Os irmãos Sperafico têm como certo que vão investir no agronegócio em um futuro próximo

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