segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pecuária tem impacto menor no aquecimento global

A pecuária de corte brasileira tem um impacto bem menor no aquecimento global do que o que vem sendo anunciado, conforme análise do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). As pastagens, segundo o presidente do Fórum, Antenor Nogueira, ficaram de fora do cálculo e são responsáveis por seqüestrar carbono da atmosfera.

“Pastagens com qualidade podem seqüestrar até o dobro do que o que ocorre hoje, por isso o correto é considerar o balanço entre emissões e seqüestro de carbono da pecuária e não apenas as emissões”, apontou o presidente.

Os dados fazem parte da análise de um grupo de trabalho coordenado pelo Presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, Sebastião Guedes, constituído por especialistas de diversas instituições de pesquisa do País. Os resultados foram apresentados na terça-feira (15), durante a reunião do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte, que reuniu representantes de Federações Estaduais da Agricultura, associações de produtores e frigoríficos.

Balanço

Conforme os dados apresentados na CNA, a pecuária emite cerca de 1,66 Mg CO2 equivalente cabeça/ano. Em emissões por ha, isso equivale a 1,18 Mg CO2 eq/ha/ano. O seqüestro de carbono das pastagens é estimado em 0,78 Mg CO2 eq/ha/ano. O resultado líquido é que a pecuária emite 0,40 Mg CO2 eq/ha/ano, o que corresponde a 66% a menos do que apenas as emissões. “Os investimentos feito pelos pecuaristas em pastagem tem tornado a atividade ainda mais eficiente do ponto de vista do meio ambiente. Num espaço menor, com uma pastagem de qualidade, é possível colocar uma quantidade maior de animais e ainda abater o gado cada vez mais precocemente”, explica Nogueira.

Outra informação repassada pelos pesquisadores é de que o metano, outro gás de efeito estufa, emitido pela pecuária estaria caindo nos últimos 20 anos, com o investimento em pastagens. De 1988 a 2007, a emissão de metano por Kg de carne produzida no Brasil caiu a uma taxa média de 1,82% ao ano. No acumulado dos últimos 20 anos, isso representa uma queda de 29,4% na emissão de gás metano por Kg de carne. “A queda da emissão de metano da pecuária brasileira é uma das mais expressivas entre os principais países produtores de carne do mundo. Tudo isso demonstra o ganho de eficiência da pecuária no País.”, analisa o presidente.

O Presidente do Fórum diz que a pecuária não pode ser acusada de forma leviana de ser a grande responsável pelo aquecimento global e cita os dados do Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, divulgado no dia 24 de novembro último pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. “A participação do setor agropecuário no total de emissões de gases de efeito estufa no Brasil caiu de 25,4% para 22,1%, entre 1990 e 2005, e a pecuária representa apenas uma parte dessas emissões” aponta Antenor Nogueira. Ele cita ainda os dados do Censo Agropecuário do IBGE, que indicam que houve uma redução na área de pastagens brasileiras, passando de 177,7 milhões de ha para 158,7 milhões de ha, entre 1996 e 2006. “Houve uma redução de 19 milhões de ha de pastagens no País em uma década, enquanto a produção de carne bovina aumentou 50% no mesmo período” finaliza Antenor Nogueira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário